03 junho 2008

Do que resta

Agora, já nada resta

Eu, que sou apenas mais um dia
que lentamente se despedaça em ti,
apenas uma brecha ao amanhecer
junto à porta aberta por nós.
.
Sei que fui apenas dor
estranhamente tragada em ti,
perdidos no sucumbir do entardecer
junto ao rio que quisemos só para nós.
.
Vejo-me assim, de mim ausente,
despido das mãos e da voz,
neste corpo que se afasta cada vez mais do teu,
neste rosto onde me deixo envelhecer.
.
Então, nada mais me resta,
senão amordaçar este fulgor,
para te dizer
que afinal sempre estivemos sós.

2 comentários:

Anónimo disse...

Perco-me neste vazio imenso
à procura do teu olhar que descobriu pedaços de mim
que nem eu sabia existir
e percorro dia após dia a imensidão de recordações
que a felicidade deixou na minha solidão.

Esta loucura em que vivo dia e noite é estranha,
é reprovável,
mas não se aparta de mim.

Assim, resta-me apenas ficar com a dor da saudade
que se apodera constantemente do meu ser
e com a certeza de que serei eternamente tua,
da forma como nunca serei sequer minha.

Maria disse...

Lindo ... pena que esteja numa fase em que estas palavras me dizem tanto!