
Da voz
que larguei nas tuas mãos,
perdi a côr e não sei mais
por quem esvoaçam as espigas.
Deixei que fossem
os teus olhos rasos de água,
os primeiros acordes da madrugada,
perdidos pela canção que te ouvi cantar,
para te dizer
que ainda não chegara a mim
a primeira vez.
Não sei o que fizeste daquela noite
onde os pássaros puderam voar,
ou da minha mesa
onde a chuva se veio a perder.
Amo-te... e um navio
írrompe cansado pela janela,
trazendo no corpo de cada marinheiro
a noticia do anoitecer.
E chego assim
ao limiar do teu peito, a esse mar
com cheiro a rosas
onde a minha mão anseia acordar.