31 janeiro 2006

Da voz


Da voz
que larguei nas tuas mãos,
perdi a côr e não sei mais
por quem esvoaçam as espigas.
Deixei que fossem
os teus olhos rasos de água,
os primeiros acordes da madrugada,
perdidos pela canção que te ouvi cantar,
para te dizer
que ainda não chegara a mim
a primeira vez.
Não sei o que fizeste daquela noite
onde os pássaros puderam voar,
ou da minha mesa
onde a chuva se veio a perder.
Amo-te... e um navio
írrompe cansado pela janela,
trazendo no corpo de cada marinheiro
a noticia do anoitecer.
E chego assim
ao limiar do teu peito, a esse mar
com cheiro a rosas
onde a minha mão anseia acordar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Escrevo apenas para afastar a distância que nos separa ...
Escrevo a ausência de ti... Escrevo por não te ter comigo ...
Escrevo porque não compreendo o amor, mas que o sinto tão intensamente em mim ...
Escrevo porque ouço a dor do meu silêncio no teu...
Escrevo o som ausente das minhas mãos nas tuas...
Escrevo a saudade de ti, que dói em mim.

Queria deixar de te embalar na poesia das minhas palavras,
para poder antes abraçar-te com força suficiente para que entendas que só tu fazes sentido em mim.

Queria amar-te calma e tranquila, não em gritos de palavras.


Tenho medo da intensidade do amor que me prende a ti.

Ana