03 novembro 2006

...de repente...


Chego assim ao limiar dos teus lábios,
embalado pela brisa quente das marés,
perdido nas águas verdes que se elevam a meus pés.
E de repente, solta-se o mar do teu corpo,
e as minhas mãos navegam sem destino
à espera de te poderem encontrar.
E em ti ancorar.

07 outubro 2006

há ainda uma palavra perdida


Há ainda uma palavra perdida no cansaço de mais um dia,
no peso das tuas mãos,
no limite de uma praia vazia.
.
Do que escrevo e do que sou... nem eu sei para onde vou,
apenas um vagabundo de cada hora perdida,
na agonia prolongada de uma vontade desconhecida.
.
Do sangue quente onde bebo os erros do tempo,
acabo prisioneiro de um mar onde afinal nada se sabia.
E acorrentado à própria vida onde a raiva se sacia,
solto apenas um beijo na chama de um inevitável lamento.

22 setembro 2006

as pedras do caminho

Ainda trago o vazio das horas que ficaram por contar, o vazio das palavras que deixei sózinhas, ao abandono do silêncio.
No espaço branco do que ficou por dizer,
apenas resta a dúvida, de tudo o que não se veio a saber.
Trago afinal o vento e o mar
juntos, perdidos na penumbra do que ficou por chegar, suspensos nas mãos que acabaram por se desprender.
Derrotada a vontade, fica o desalento das noites sem fim, e na espera fútil de todas as manhãs, apenas a loucura que lentamente se desperta em mim.
Como é fria agora a noite junto ao mar…
…e como a recordo ainda quente.
E assim, disfarço todas as dores nos trilhos que não conheço, nas pedras que atiro para bem longe… para não lhes sentir o peso pelo caminho…

14 julho 2006

da tua ausência



Trago o corpo dorido,
exausto pelo peso da tua ausência.
Doem-me os dias de estar só em tanta gente,
violentado em intermináveis palavras.
Resta o meu silêncio perdido
guardado em todos os momentos de ti.

30 junho 2006

Sempre mais um dia...

Era eu a querer tudo o que não tinhas,
tu a perderes tudo o que eu conhecia,
era eu a deixar-te chegar,
e tu a ficar a saber que partias.

Nós a dor do fim que se sabia,
a dor de tudo o que se perdia.
Nós sem sabermos como seguir,
nós a querermos sempre mais um dia.

E éramos nós frutos do mesmo mar, silêncios de uma só palavra.
E eras tu a pedir para ficar e eu a dizer tudo o que não queria,
era eu contigo a fugir do fim e tu comigo longe de podermos amar.

E nós a querermos todos os dias...

16 junho 2006

Só...

Trago o tempo suspenso na espera das tuas mãos,
na demora dos teus lábios,
no reencontro do corpo ausente.
A espera revela-se esgotante,
para me deixar preso a esta solidão,
cada vez mais sufocante.
Sinto-me só no meio da multidão,
sinto a tua falta dentro de mim,
sinto-me só dentro de mim...

27 maio 2006

amo-te...







Amo-te...
E as minhas mãos estendem-se para ti,
como um mar que chega à praia
e nada mais tem para oferecer.

O segredo da paixão


O dia írrompe pela madrugada,
na claridade rosa de um crepúsculo.
Os sonhos são o mundo de cada um,
e tu és de um mundo só meu.
Das folhas caídas que foram já verdes
são os teus olhos recordados,
que o mar traz-me sempre de volta ao teu olhar.
O dia arrasta-se pela côr de um rio espelhado,
e o seu brilho confunde-me na força desta paixão.
E quando o sol desaparece no longínquo horizonte,
é a noite que nos vem abraçar,
para que seja ela a testemunha desta razão,
e o seu silêncio nos venha falar,
deixar segredos que as palavras não conhecem
e que só os olhos parecem compreender.

24 maio 2006

Leve

Leve,
o sabor dos frutos por amanhecer.
Leve,
a lágrima que entorna o rio vagaroso.
Leve,
a mão que a noite da vista faz perder.
Leve o caminho que marcamos pela manhã.
Leve o sorriso que floresce em cada palavra vã.

E tão leve se torna o sono
que não conseguimos sequer adormecer.


10 maio 2006

Neste muro branco

Neste muro branco
segredam-se histórias caladas na cal.
Recordam-se breves fragmentos
de um dia singular,
onde papoilas dançam ao vento
e uma criança tropeça no teu olhar.

Neste branco muro
vivem-se histórias pintadas na pedra.
Anseiam-se beijos quentes
que tardam em principiar,
onde as mãos se procuram lentas
na nudez inquieta do teu respirar.

E é neste muro de cal branca,
que se revivem histórias de cada luar,
são histórias minhas e tuas,
memórias de todos os que souberam amar.

04 abril 2006

desculpa


Era de paixão que sonhavas,
o corpo possuído
no silêncio de cada luar.

O fogo que em mim despertavas,
momento de culpa esquecido
na orla fresca do mar.

E a mão que apertavas,
era o Verão inteiro, perdido,
a pedir-te desculpa.

31 março 2006

Entardecer


Emergiam palavras escondidas,
côres sem sentido,
em sombras de novas melodias.

Reapareciam fechados sorrisos,
silêncios já esquecidos,
para calar aves em desvario.

Erguiam-se velhos castelos,
ao entardecer de tempos idos.
Corrompiam-se beijos perdidos
no limite de caminhos paralelos.

E tu,
só tu
desaparecias sem parar.

22 março 2006

Lentamente


Lentamente,
a pressa no silêncio.
Reclamar o mesmo caminho
e não ter como partir.
Onde queres chegar
se continuas sem viver?

07 fevereiro 2006

Isolam-se as mãos


Isolam-se as mãos,
percorrem os dias
em rios sem margens.
Comprometo-me na certeza
de cada beijo e de cada gesto
que ostentam a madrugada.
E assim me deixo ao abandono
de cada palavra tua,
e sinto-me corar
quando dizes que me amas.

01 fevereiro 2006

Deste amar...


Assisto à coroação da chuva
pela noite sem madrugada.
Perpetuo o silêncio no interior
da tua ausência,
amarrado à voz deste amar,
deste bater de asas,
aconchegado,
e tantas vezes sonhado,
pelas mãos que anseio ver chegar.

31 janeiro 2006

Da voz


Da voz
que larguei nas tuas mãos,
perdi a côr e não sei mais
por quem esvoaçam as espigas.
Deixei que fossem
os teus olhos rasos de água,
os primeiros acordes da madrugada,
perdidos pela canção que te ouvi cantar,
para te dizer
que ainda não chegara a mim
a primeira vez.
Não sei o que fizeste daquela noite
onde os pássaros puderam voar,
ou da minha mesa
onde a chuva se veio a perder.
Amo-te... e um navio
írrompe cansado pela janela,
trazendo no corpo de cada marinheiro
a noticia do anoitecer.
E chego assim
ao limiar do teu peito, a esse mar
com cheiro a rosas
onde a minha mão anseia acordar.

28 janeiro 2006

Como a primeira vez


Os lábios procuram-se,
ansiosos,
como singelos rebentos singrando
pela madrugada,
até que o sangue venha inundar
a pele em flor,
e corra espesso pelas curvas da chegada.

Provocas-me os dedos
na volúpia da tempestade, sonham
pelos teus ombros vazios,
desnudados.
E as mãos, as minhas, possuem
redes de linho, procurando
embalar as aves na orla
dos teus seios lassos.

E na humidade de um beijo,
cresce em mim,
um cavalo de fogo, desperto
pelo contacto breve
das tuas ancas perfumadas,
e sinto-lhe o turpôr,
alucinante,
como se o meu corpo
fosse um exército cansado,
desejando a paz que no teu corpo é furôr.

Gota a gota


Gota a gota
o inverno mostra-se pelas ruas
pelos becos da realidade nua.

Gota a gota
as lágrimas teimam em desaguar
pela saudade do teu olhar.

Uma gota
outra gota,
e neste dia de janeiro
sou de um sonho teu,
onde desabrocham rosas
que de amarelo se deixaram pintar,
e onde uma criança brinca,
embalada pelas ondas do mar.

E gota a gota,
uma atrás da outra,
apenas por te amar
deixo a solidão entrar.

No teu olhar


É de azul que o mar solta o seu canto,
atormentado em azul celeste
pelo testemunho breve
da queda de um anjo.

Foi naquela tarde,
os teus olhos perderam côr
e lágrimas verdes
correram livres
pelo teu rosto infantil.
Em beijos entrelaçados,
exaltámos juras de eterno amor,
tu de rosas te cobriste,
e eu, estarrecido
no teu corpo perfumado
me encontrei perdido.
De cabelos soltos ao vento,
senti-te partir
quando me pegaste na mão
em silêncio,
num sorriso primaveril.

Agora,
os dias são apenas
tristes em desoladas marés,
de alguem que não soube ficar.

Agora,
apenas o mar se exalta
pelo azul que se tornou verde
no meu olhar.

27 janeiro 2006

pela maré...


Perpetuam-se as imagens
largadas pelo vento
e já não sei se és rio ou flôr ou canção ou apenas relento,
eu parto com a maré.

26 janeiro 2006

"who are u?"

Hoje saí de casa, e entrei na manhã cheio de pressa, com vontade de te ver e de te falar... com a urgência óbvia de te amar, e comigo trouxe para a rua a melodia que vinha já de fora, inteira dentro de mim, quebrada perante ti...


Who Are U?
by David Fonseca

Ever since I saw you
I want to hold you
Like you were the one

It sees right through me
A bullet it comes and takes me
And I love you I love you
I want you but I fear you

Who are u?
Who are u?

Ever since I saw you
I want to hold you
Like you were the one

Your feet rest on my shoes
I sing this song for you
Just to see you smile

And I love you I love you
I love you but I fear you

Who are u?
Who are u?

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

And I love you I love you
I want you but I fear you

Who are u?
who are you?(x4)

For how long
How strong do I still have to be?
How come you mean so much to me?

For how long
How strong do I still have to be?

25 janeiro 2006

Aqui apenas tu


Não saber como te amar,
por onde começar.
A manhã é simples
e verdadeira,
mas onde está a razão?
Não saber como te procurar,
e estares aqui
apenas tu.

24 janeiro 2006

Tudo o que sei...


Já não sei se apenas és vento passageiro,
ou brisa de verão,
não sei se és lua de quarto crescente,
ou noite de outubro
que o dia soleiro vem aquecer.

Sei que são rosas
as flores que procuram a água
da nascente,
e nascem rios
no verde dos teus olhos.

Sei que sem saber,
és tudo o que sei.

21 janeiro 2006

do tempo sem passado...


Viajo no tempo sem passado
rumo ao presente
do teu corpo.
Da partida,
recordo apenas
o aroma fresco dos teus lábios,
e o rumor das águas
que aceitei
apenas por serem tuas.
E trago-as junto ao teu nome,
sussurradas
pela brisa de um simples beijo,
embaladas
pelas ondas violentas do teu peito.
Não sei como serão
as vozes da chegada,
ou mesmo como fluirão
as palavras do caminho,
mas espero
ter as tuas mãos nas minhas,
como guias,
até ao fim de todos os dias.

20 janeiro 2006

pelas ruas do tempo sem fim...


Procuro-te pelo caminho
que se demora
em cada entardecer,
pelo trilho das pedras
frias e nuas,
que atrás de mim
vejo desaparecer.
Percorro as paredes de branco caiadas,
pelas mãos, as minhas
que agora são já tuas,
pela urgência de não perder este amor,
esta saudade
que teima em ficar.
E sem ti,
percorro vazio as ruas,
orfão do tempo sem fim,
desculpa...
se ainda não aprendi
a respirar sem ti.

19 janeiro 2006

e do mar vieste...


Do silêncio das palavras
corre o vento sem destino,
chega na alvorada do teu nome
pelo mar,
e do mar que o viu chegar.
Palavras,
marítimas tempestades de quem não quis,
de quem não soube ficar.
Deixei há muito
aquele campo de espigas sem fim,
e percorro agora
errante o caminho aberto
pela mão de uma criança.
E de repente, solto-me de mim
e das águas,
e vou por aí,
por ti,
para em ti naufragar.

amor submerso


Das mãos,
um barco,
e um rio de águas paradas.
Do corpo, apenas
as tuas palavras
no silêncio naufragadas.